O mundo do esporte lida diariamente com egos, vaidades e invejas. Mais do que se preocupar com os desempenhos individual, coletivo e da organização, são as relações econômico-financeiras que mais influenciam as relações interpessoais numa equipe. Os talentos, os salários e os status individuais costumam ser muito exaltados, em detrimento de se respeitar e explorar o valor do coletivo. Por isso, ter atenção com a forma de comunicação adequada e transparente para o individual e para todo o grupo deve ser uma constante.
O mundo globalizado do século XXI bombardeia e influencia a todos com conteúdos gerados em várias plataformas. Seja mídia escrita (jornais e revistas), mídia falada (Radio, TV e TV por assinatura) ou digital/online (escrita, falada, ou ainda, todas as redes sociais). Atualmente, toda essa tradicional e nova forma de comunicação vem também criando inovadoras formas de monetizar atletas, equipes e organizações, bem como trazer uma visibilidade além-fronteiras para todos.
Isso pressiona as organizações esportivas, tanto no ambiente interno (atletas e equipes) como no externo (exposição da marca), a mudarem seus métodos de desenvolvimento do seu principal capital humano, os atletas, no intuito de conquistar maiores vantagens e resultados no mercado esportivo em que atuam.
Davidson Frame lançou em 1999 um conceito sobre competências na gestão, em que propôs três tipos para serem trabalhadas: as individuais, as de equipe e as da organização. As competências voltadas para o indivíduo se referem às aptidões e às habilidades que eles possuem para a solução de problemas. As competências da equipe, por outro lado se conectam com a capacidade de resolução de problemas complexos em contexto multidisciplinar. Por último, as competências relacionadas à organização se relacionam com a capacidade de criação de um ambiente receptivo que possibilite o desempenho eficiente tanto do indivíduo quanto das equipes, nas suas respectivas gestões.
O grande desafio que se impõe às organizações esportivas hoje é conseguir gerenciar diariamente os talentos e as suas influências, interna e externa. A transparência na comunicação parece ser um caminho a seguir, traduzindo para toda a equipe os motivos claros baseados nos conceitos de competência que justificam as diferenças financeiras envolvidas, entretanto não deixando que esses motivos exacerbem o valor do coletivo. Por outro lado, um olhar atento e dedicado à análise das influências sobre o individual e sobre o coletivo, oriundos da mídia, sob todas as suas formas, é determinante para reduzir desgastes internos e externos.
Certa vez, Jack Welch, super executivo da GE, afirmou: “Estratégias não valem nada se não tivermos boas pessoas. Em meu modo de pensar, as pessoas devem vir em primeiro lugar. As estratégias vêm depois”. A boa estratégia na gestão de pessoas alia o olhar individualizado com a visão do todo que o cerca, buscando manter a harmonia nas relações interpessoais, monitorar e agir sobre as influências que surgem e valorizar os talentos sem comprometer o desempenho maior que deve ser o da equipe.
Por: Floriano Salvaterra – Executivo de Projetos, Professor e Palestrante.