Nos dias atuais está cada vez mais difícil alcançar o topo, transformar clubes em vencedores sem que haja um comprometimento completo e estrutural por parte de todos, principalmente dos gestores. E, falando em gestores, este é um dos pontos-chave para a evolução dentro e fora de campo daquelas agremiações que pretendem se destacar dentro dele.
As politicas, sejam desportivas, comerciais, de marketing, comunicação, etc. devem estar completamente vinculadas a um projeto maior, a uma metodologia bem definida e, principalmente, à busca, descoberta e recuperação da identidade própria de cada clube. Por sinal, este me parece ser um ponto ainda pouco desenvolvido pelas equipes, tendo em vista que, via de regra, os clubes não definem a sua metodologia de trabalho (dentro e fora de campo), não determinam os seus processos internos, nem muito menos chegam a um consenso quanto à sua própria identidade.
Atualmente, no Brasil, se começa a debater e legislar a possibilidade de constituição de clubes-empresa. Este me parece um tema muito relevante e que poderá gerar, num futuro próximo, resultados principalmente na formação de cases de sucesso em clubes nos quais processos e projetos de curto, médio e longo prazos sejam construídos através de diretorias remuneradas e pessoal capacitado contratado. Contudo, e aqui é importante ressaltar, agremiações esportivas não deveriam precisar de uma lei que às transformasse numa empresa para serem geridas com responsabilidade. E este é o grande cerne da questão.
Hoje é imprescindível que, com o nível de competitividade que o mundo do futebol impõe àqueles que desejam destacar-se mundialmente, existam regras pré-definidas dentro de cada clube para a constituição de departamentos, que o staff seja formado e especializado naquilo que passará a se dedicar e, com isso, possam – como clube-empresa ou associação esportiva sem fins lucrativos – ser geridos de acordo com as melhores praticas de gestão e compliance.
A busca pela profissionalização deve ser algo constante e presente dentro da politica de formação e de crescimento interno e externo de cada um dos clubes de futebol. Quando ela não é parte do processo de amadurecimento e crescimento dos clubes, estes passam a ficar alheios ao mercado, às novidades e, principalmente, ao nível de exigência e profissionalismo que o dito mercado lhes exige.
Por isso, capacitar o seu próprio quadro associativo, dirigente e consultivo deveria ser uma das questões mais presentes dentro das sociedades esportivas, através do qual construiriam, junto aos seus, um programa de ensino e desenvolvimento de profissionais para capacitá-los e, sobretudo, treiná-los para entender as referidas politicas, processos, metas e objetivos a serem seguidos.
Desta maneira, as conquistas dentro e fora das quatro linhas, seriam parte de objetivos e metas previamente estabelecidos, podendo medir-se, assim, de forma muito mais clara e concreta, os resultados de cada um dos seus departamentos, permitindo aos gestores tomar a melhor decisão, baseando-se em dados e conceitos claros, alinhados a um planejamento estratégico onde todas as partes estejam e se sintam comprometidas.
Por: Fábio Ruaro – Diretor de Projetos da GoalManage Espanha