Euro 2020, que afinal se joga em 2021!

Começo por explicar o porque do título, que devido a pandemia que assolou e continua a assolar o mundo, o campeonato da Europa teve que ser adiado para o ano de 2021, sendo a primeira vez que tivemos um vencedor por 5 anos e não os habituais 4 anos.

Este é sempre um momento significativo não só para os europeus, mas um dos eventos desportivos mais importantes do mundo inteiro e que junta sempre um grande número de audiências. Enquanto português ficará para sempre 2004, pelos bons e maus motivos e depois 2016 como o pináculo do futebol português.

Mas, vamos trazer a seguir o que realmente importa, alguns comentários sobre o Euro 2020, que terminada a fase de grupos, apresenta-nos sempre os vencedores, os perdedores, os que nos fazem acreditar no futebol e as desilusões, dando sempre notícias para todos os gostos.

Começando pelo grupo A, não podemos chamar surpresa a uma seleção que tem nas suas vitórias 4 mundiais, referindo-me obviamente a Itália com o seu estilo vertiginoso e de construção apoiada, que encontra os espaços necessários para atacar a profundidade e que com isto conseguiram terminar a fase de grupo só com vitórias. Neste grupo também apareceu a Turquia, que nunca conseguiu demonstrar um grande futebol e sem qualquer ideia colectiva, principalmente a nível defensivo, terminaram em último lugar e só com derrotas.

No grupo B tivemos um primeiro momento que deixou todos os adeptos colocados a televisão, em primeira instância, no minuto 42 quando Eriksen colapsou em pleno relvado com o jogo a decorrer. E os grandes vencedores deste Euro estavam ali encontrados, os médicos que prontamente conseguiram assistir o jogador e salvar-lhe a vida. Um momento marcante, mas que no final correu tudo bem e o jogador encontra-se já estável e com alta hospitalar. No que toca ao futebol neste grupo tivemos uma Bélgica endiabrada, com uma série de jogadores de qualidade em todos os sectores, sem um futebol de encantar, mas que em espaços serviu para passar a fase de grupos sem preocupação. A seleção russa não mostrou um futebol que pudesse garantir uma passagem para uma próxima fase.

Prosseguindo para o grupo C tivemos um dos grupos mais agradáveis de ver. A Holanda com talvez um dos melhores jogadores do torneio, Frenkie De Jong, a ditar todos os momentos da equipa e que escudada de bons nomes do futebol europeu, tais como De Light e Depay, que fizeram ponderar se a laranja mecânica estava de volta. Menção honrosa neste grupo para a Macedonia do Norte que fazia a sua primeira presença num Europeu e que tentou ao máximo deixar um futebol apoiado e que mesmo sem grande qualidade individual, tentou disputar os jogos e um futebol positivo.

No grupo D o qual à partida se olhava e se pensava que iriam ocorrer grandes embates, com algumas das melhores individualidades da Europa, acabou por não corresponder às expectativas. Inglaterra e Croácia acabaram por seguir em frente nos primeiros lugares, mas nunca mostraram um futebol condizente com jogadores com Phil Foden, Grealish, Mount, Kane do lado inglês e do lado croata Modric, Gvardiol, Kovacic.

No grupo E tivemos uma Espanha que ainda procura uma geração que venha a repetir o sucesso da década passada. Acabou por passar a Espanha e a Suécia, uma equipa que mantém o futebol dos países nórdicos, com um estilo mais frio de bola no espaço e de ataque a profundidade. Com um dos jogadores destaque, Isak, a manter as aspirações suecas.

Por fim o grupo F, o chamado \”grupo da morte\”, composto por Portugal, campeão europeu, a França campeã do Mundo, a Alemanha que é sempre um dos candidatos e por último a Hungria, que tem alguns jogadores de destaque nos campeonatos europeus. Portugal novamente apresentou muito pouco, para aquilo que são as suas qualidades individuais. A falta de processos colectivos, juntamente a falta de qualidade em certas posições, nas quais os jogadores convocados não foram as mais consensuais, o que levou a mais uma fase de grupos a desejar.

No lado da França, embora com alguns resultados mais positivos que Portugal a qualidade de processos colectivos, nomeadamente ofensivos foi fraca, tendo em conta os nomes que compõe a seleção, com enfoque do meio-campo para a frente. A Alemanha foi impondo a sua ideia de jogo, principalmente no jogo contra Portugal, no qual foi uma exibição em que o colectivo alemão brilhou, desde o construir a partir de trás, atrair de um lado para abrir espaço para colocarem a bola no outro e com isso tornar o jogo mais facilitado para a seleção germânica.

Posto isto, os apurados para a fase final do Euro 2020 foram Bélgica, Portugal, Itália, Áustria, França, Suíça, Croácia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Inglaterra, Alemanha, Holanda, República Checa, País de Gales e Dinamarca.

Para concluir deixamos alguns dos destaques individuais deste europeu: Jorginho, pela sua capacidade de ocupação de terreno e qualidade de sair a jogar permitindo a Itália ganhar metros desde início. Importa também referir os outros elementos do meio campo Barrela e Locateli.

  • Bale merece também o destaque, isto porque na seleção parece sempre um jogador diferente e que se diferencia pela criatividade e capacidade de drible.
  • Maehle capacidade associativa muito boa para um lateral, onde consegue fazer imensas progressões pelo corredor central, permitindo uma maior liberdade de flanco ao extremo.
  • Lukaku jogador que joga praticamente como um pivot de futsal, de marcação muito difícil por qualquer defesa, consegue ganhar metros sozinhos, para além da capacidade de finalização acima da média.
  • Frenkie De Jong, um dos melhores jogadores deste europeu e cada vez mais se destaca como um dos melhores médios do mundo, capacidade de jogar entre linhas, segurar a bola e gerir os ritmos de jogo. Dumfries nesta seleção também merece um destaque pelos golos marcados mesmo jogando como lateral.
  • Havertz que para além dos golos, a maneira como consegue jogar de costas para a baliza, de ajudar a equipa a progredir e jogar entre linhas fazem deles um dos jogadores mais importantes da Alemanha.
  • Benzema o avançado foi a aquisição perfeita para a sua seleção, pois possui uma capacidade associativa muito boa com os seus colegas, consegue entender os momentos de jogo e permite que os avançados rápidos da França consigam criar espaço nas suas costas e jogar na profundidade.

Temos acompanhado um Europeu muito interessante, num Verão repleto de desporto e que deixará os adeptos de futebol entretidos. Já tivemos algumas surpresas e com a entrada na fase a eliminar essas mesmas podem continuar. Esperemos que seja um Europeu com a continuação do bom futebol e que nos façam falar deste Europeu durante muitos anos com a magia que só estas competições conseguem criar.

Por: João Pedro Brigas – Consultor especialista em Ciência Política e Relações Internacionais, pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.

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