Vivemos tempos altamente complexos. A Revolução Digital, iniciada ainda nos anos 70, mudou radicalmente a vida em sociedade. No âmbito das comunicações o impacto é enorme. Deixamos de ser receptores passivos dos conteúdos dos meios de comunicação de massa para nos tornarmos, ao mesmo tempo, produtores-editores-difusores de nós mesmos e das nossas “notícias”. Assim, sem filtro que não a própria consciência, vamos dando publicidade aos nossos atos e pensamentos – em especial através das redes sociais.
Este mundo complexo, ambíguo, volátil e incerto (o mundo VUCA anunciado por economistas e estudiosos de mercado há algum tempo), quando transposto para o universo dos clubes de futebol, se revela altamente desafiador e, ao mesmo tempo, frustrante. Desafiador pela necessidade de pensar e agir – com e sobre – uma enorme quantidade de atores, processos e circunstâncias envolvidas; frustrante porque impossível de obter-se controle absoluto sobre todos estes fatores.
Apenas para ilustrar: se até algumas décadas as relações entre atletas e torcedores eram mediadas pela imprensa, agora este filtro sumiu. Jogadores usam suas redes sociais para se comunicar com o público independentemente de qualquer intenção de controle por parte dos clubes. Como autênticos “produtores das notícias de si mesmos”, não raro cometem excessos, inconfidências e fazem uso pouco recomendável do espaço público.
O mês de junho de 2019 foi sacudido, no Brasil, pelo caso Neymar.
É um assunto que envolve, por se tratar de um craque internacional e ídolo da seleção Brasileira. Sexo, futebol, mídia, marketing, polícia, justiça, redes sociais, opinião comportamento, sociedade todos os componentes estavam e estão nesse caso. É um exemplo impressionante e complexo deste mundo interligado da comunicação atual.
Por outro lado, as comunicações entre clubes e torcedores se tornaram igualmente mais diretas, transparentes e até informais. Também os clubes assumem um papel de produtores do próprio noticiário e criam canais de divulgação para interagir com um público apaixonado e ávido por informações.
Neste contexto, qual o papel da área de comunicação num clube de futebol? Como se relacionar com tantos atores (dirigentes, jogadores, procuradores, assessores particulares de imprensa, torcedores, etc.) e estabelecer um controle mínimo e confiável da comunicação, aliado a uma gestão de riscos? Indo adiante: como a mídia do clube se transforma num parceiro do clube, capaz de gerar resultados positivos?
Devemos dar um sentido de realidade e importância estratégica a este segmento muitas vezes subvalorizado ou mesmo ignorado e buscar torna-lo um importante aliado tático e estratégico dos Clubes na sua incessante busca por vitórias e títulos e, principalmente, na satisfação do seu torcedor!
Por: Prof. Norton Kappel e Prof. José Pedro Villalobos – Consultores