Há cerca de um ano fui convidada para participar de um projeto para desenvolvimento de um diagnóstico para avaliação da maturidade da gestão em clubes de futebol. O tema futebol despertou o desafio em estruturar algo diferenciado com base na minha vivência profissional e na paixão que envolve os clubes de futebol.
Já no primeiro projeto, a partir do diagnóstico, viabilizamos a formulação do Planejamento Estratégico, auxiliando o clube na consecução da sua visão e proporcionando uma nova forma de visualizar o futebol. Na ocasião fiz algumas reflexões e comparações que chamei de DE/PARA EMPRESA-CLUBE e compartilho a seguir:
1) O clube é uma empresa!
Primeiro é preciso reforçar o entendimento de que um clube de futebol é uma empresa, com os devidos registros legais, obrigações fiscais, processos de negócio, processos de apoio e com uma força de trabalho que vai muito além dos jogadores e equipe técnica; e tudo isto movido por uma gestão e por muita paixão!
2) É necessário conhecer e analisar o ambiente externo.
Em um clube de futebol, assim como nas empresas é necessário conhecer o cenário, ou seja, conhecer as variáveis do ambiente externo em que está inserido bem como levantar as necessidades e expectativas das partes interessadas (stakeholders) para planejar as ações estratégicas. Isto vai além dos “olheiros” e das análises de “táticas e de desempenho dos adversários” que conhecemos habitualmente. Os clubes hoje em dia têm seus resultados relacionados e influenciados pela imagem de jogadores e patrocinadores, pelas manifestações expressas nas redes sociais e na mídia e por muitos outros fatores externos tal e qual em uma grande organização.
3) A comunicação interna é essencial para o sucesso.
O sucesso dos clubes não depende exclusivamente do que acontece dentro das quatro linhas. Ele é fruto de uma gestão e profissionalização que deve envolver todas as áreas. Portanto é essencial que haja comunicação e integração entre os processos da área fim (futebol profissional) e os processos de apoio e gestão. Está completamente OUT o clube onde o Departamento de Futebol não se comunica com as demais áreas.
4) A caixa precisa ser aberta.
Sempre ouvi a máxima que “o futebol é uma caixinha de surpresa” porém, assim como em uma empresa, a caixa deve ser aberta, conhecidos os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades para que seja possível implementar melhorias e implantar práticas de gestão que certamente irão contribuir para minimizar o risco e fazer com que o clube conte cada vez menos com o fator SORTE.
5) Todo dia é com muita emoção!
No futebol tudo envolve paixão, história, tática. Tudo carrega sentimento: as cores do clube, o escudo, o hino, os ídolos, as conquistas e a grande razão de tudo – os torcedores.
Mas afinal nas empresas também é assim, com maior ou menor ênfase, existe a missão, a cultura, as competências, o know-how, as metas e o grande foco no cliente.
Hoje, após quase 2 anos de imersão no mundo do futebol tenho a tranquilidade para afirmar que nos clubes de futebol assim como nas empresas a “boa” gestão é que conduz aos resultados e finalizo este texto citando Ferran Soriano autor do livro “A bola não entra por acaso”.
“… é preciso trabalhar muito, utilizar o sentido comum e todas as ferramentas de gestão disponíveis para chegar à final da Liga dos Campeões… mesmo que seja para que o responsável de bater o pênalti decisivo escorregue exatamente antes de chutar a bola e acerte a trave. “
Por: Patricia Burity – Diretora de Projetos da GoalManage