As notícias no mundo inteiro giram quase que totalmente em torno do coronavirus. E não podia ser diferente, pois é uma preocupação imensa para todos, independentemente do país, da classe social, da raça, das crenças, enfim. Parece que esta enfermidade está aí para provar, a quem ainda não entende, que todos somos iguais.
Com toda esta informação disponível, não restam dúvidas de que o impacto será grande em todos os países e em todos os setores. No esporte não seria diferente. Vimos aí situações inimagináveis, como cancelamento de corridas de F1, torneios de tênis e adiamento das Olimpíadas, por exemplo. Nenhuma competição, de nenhum esporte, individual ou coletivo, está ocorrendo neste momento. Perdem os atletas, patrocinadores, a mídia em geral, os fãs e todos os envolvidos nos tantos eventos esportivos que ocorrem semanalmente no mundo.
No mais popular esporte do planeta tem impacto gigantesco. Para ficarmos somente com o nosso caso, as competições no Brasil, ou aquelas disputadas por equipes brasileiras, como a Libertadores da América e a Copa Sulamericana, estão paralisadas.
Em primeiro lugar devemos deixar claro que estas medidas são perfeitamente compreensíveis e corretíssimas. Este é o momento que devemos seguir as orientações da OMS e dos responsáveis pela saúde de nossos países. Em qualquer situação, o cuidado com as pessoas deve vir em primeiro lugar. O bem mais precioso que temos é nossa saúde e a de nossos familiares.
Mas é claro, a situação econômica também preocupa, afinal devemos pensar, igualmente, no dia de amanhã. Alguns têm me perguntado como os gestores devem agir neste momento. A resposta, confesso, é difícil. Primeiro porque se trata de uma situação inédita, que ninguém viveu antes. Segundo, porque não se sabe quando tudo voltará a normalidade. E sendo assim, se não temos todas as informações disponíveis, não temos como tomar todas as decisões. O que é óbvio, é o achatamento do calendário. Será uma ginástica e tanto para conseguirmos datas para todos os jogos que estão ficando, e ficarão, para trás. Isto terá impacto significativo nas receitas dos clubes. A Televisão bancará todas as cotas se os campeonatos forem mais curtos ou até cancelados, como podem ser os estaduais? Os sócios, receita importante dos grandes clubes, continuarão pagando suas mensalidades, já que estes também sofrem com a crise? E as rendas dos jogos? E os patrocínios, serão pagos integralmente?
Para enfrentar tudo isto, os clubes e as federações, estão procurando soluções. A Conmebol já sinalizou que antecipará cotas da Libertadores. Os clubes negociam com seus atletas uma redução ou prorrogação de pagamento de salários. E vejam, que não são somente jogadores, alguns ganhando muito bem, mas um clube tem muitos funcionários. Existem medidas do Governo que ajudarão em parte, mas o certo que todos os clubes terão prejuízos e dificuldades, em especial, neste período.
Assim, como não existe vacina ou uma receita comprovada para tratar do coronavirus, também não existe uma receita para solucionar os impactos negativos no esporte. Estes ocorrerão em maior ou menor grau para todos.
Assim que soubermos a data certa para retorno normal às atividades e às competições, com torcidas nos estádios e nas arenas, o que sinalizará que o mundo estará voltando a normalidade, poderemos ter com clareza o tamanho deste impacto e dos prejuízos.
Aí será a hora de um planejamento minucioso para retomar a vida não só no aspecto esportivo, competitivo, mas também como instituições. Os mais fortes, têm a tendência de continuarem sendo os mais fortes. Mas toda a crise é também uma oportunidade para correções e para seguir melhor do que antes. Os mais organizados, mais bem planejados, os que administram seus clubes em conformidade com as melhores práticas de gestão, igualmente, têm boas chances de darem um salto a frente.
Que o isolamento social, que a solidariedade, que este tempo maior para refletir, sirva de inspiração para entendermos o que é realmente importante. Em primeiro lugar a saúde, a vida das pessoas. No esporte, que sirva também para diminuir as brigas nos estádios, aumentar o respeito entre rivais. Que na volta, o esporte seja competitivo, profissional, emocionante, que gere renda, empregos, mas que seja tão somente ESPORTE.
Autor: Luiz Henrique Nuñez de Oliveira – Presidente da GOALMANAGE
Formado em IT e Administração de Empresas, com especialização em Planejamento Estratégico e Governança Corporativa pelo IBGC. Foi vice-presidente de Marketing e Mídia e vice-presidente eleito de um dos maiores clubes do país.
Com uma visão global de futebol, traz conhecimentos relevantes sobre esse universo, com a expertise de quem trabalha com o planejamento estratégico de um clube e passa pela profissionalização de todas as áreas do mesmo, até o resultado em campo.