O Brasil encerrou sua participação na Copa do Mundo Feminina. Perdeu, como já era de certa forma esperado, para as donas da casa nas oitavas de final. A seleção francesa é uma das favoritas ao título, jogam em casa e a equipe tem como base o Lyon, time que já venceu o campeonato europeu feminino 6 vezes.
A derrota, como disse, é normal, uma vez que as europeias, assim como as australianas e as americanas, têm investimentos muito maiores nesta modalidade.
Mas não podemos deixar de perguntar: Porque o Brasil, o país do futebol, que tem a maior jogadora do mundo, vencedora de 6 Bolas de Ouro, a maior goleadora de Copas do Mundo, uma geração que conta ainda com Formiga, Christiane, entre outras, nunca venceu uma Copa ou uma Olimpíada?
O depoimento da Marta, ao final do jogo, foi excepcional. Desta vez com menos choro e com um recado muito forte, inclusive para colegas e para as novas gerações. Que tipo de futebol feminino queremos no Brasil? Que tipo de jogadoras queremos no futuro? Que tipo de comprometimento com desempenho e resultados queremos?
Se não queremos muita coisa é fácil – Seguimos como está!
Se quisermos algo diferente, para muito melhor, precisamos encarar de frente este desafio. Ou como disse a Marta: Vamos todos chorar antes para podermos sorrir depois.
Os clubes que aderiram ao Profut, dependendo da Série que estão e/ou da competição que disputam, ou disputarão, estão, ou estarão, obrigados a ter o futebol feminino como uma de suas modalidades. Novamente uma pergunta: Queremos apenas cumprir a Lei ou queremos ter futebol feminino para valer?
Se optarmos pela segunda opção, muito deve ser feito. Devemos investir nas melhores práticas, para gerirmos esta modalidade. Deve haver a mesma intenção de profissionalização que buscamos para o masculino. Devemos investir em estrutura e dar às nossas profissionais, condições para se desenvolverem como atletas e de viverem bem, como profissionais deste esporte. Só assim, iremos atrair interesse de todos os envolvidos: patrocinadores, investidores, televisão, torcedores, profissionais do mercado esportivo e demais stakeholders.
Não podemos, igualmente, esquecer da formação. Sejam de atletas nas bases, como de dirigentes e demais profissionais. O caminho é longo, mas parece claro e óbvio. Também é a única forma de termos uma modalidade autossustentável e não um “peso” para as finanças dos clubes. Bem feito, pode até ser boa fonte de novas receitas.
Pensando no que disse nossa capitã, talvez não seja preciso chorar, mas é preciso saber o que queremos. Se é sorrir ao fim das grandes competições, vamos arregaçar as mangas e fazer o necessário.
Por: Luiz Henrique Nuñez de Oliveira – CEO